sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Pequeno Príncipe

Livro faz reflexão sobre amizade e companheirismo
A narrativa, o ritmo e os desenhos tornam a leitura rica e dinâmica

Por Thaisa Lisboa

Enigmático, poético e profundo. São com essas palavras que eu vos descrevo, caro leitor, O Pequeno Príncipe. Quem julga o livro apenas pela capa, pensa que ele foi feito para crianças. Mas isso não passa de um ledo engano. Escrito e ilustrado pelo francês Antoine de Saint-Exupéry (que é o narrador da historia), O Pequeno Príncipe torna-se inesquecível para quem o lê, independente da idade.

De uma forma bem resumida, o livro começa com a pane de um avião que deixa o piloto preso no deserto do Saara (norte da África). Como não havia nenhum passageiro na aeronave, o piloto teve que consertar sozinho o motor. Após a primeira noite, ele cai no sono e ao acordar, na manhã seguinte, se depara com um menino, de cabelos dourados, lhe pedindo para desenhar um carneiro. É a partir deste momento que os relatos dos sonhos das fantasias de uma criança começam a ser postos em pauta.

O Pequeno Príncipe vivia sozinho em um planeta muito pequeno, que tinha três vulcões e uma rosa. O orgulho da rosa feriu a tranqüilidade do principezinho, levando-o a uma viagem que o trouxe a Terra. Antes de chegar aqui, ele passou por alguns planetas, nos quais encontrou moradores muito interessantes.

O primeiro contato foi com o rei, que pensava que todos eram seus súditos, quando não havia ninguém por perto (eu, hein?!). O segundo foi o contador, que se dizia muito sério, mas não tinha tempo para sonhar (acho que ele desconhecia o sentido da frase "sonhar é acordar-se para dentro"). Já o geógrafo, se dizia sábio, mas não conhecia a geografia do seu próprio país. Por fim, o bêbado, que bebia para esquecer a vergonha que sentia por beber (que loucura!).

Na Terra, o principezinho conheceu a serpente, a rosa e a raposa. É com a ajuda dessa última que o Pequeno Príncipe descobre o que realmente importa na vida, ou seja, o amor, a amizade e o companheirismo. É óbvio que esses temas não são atuais, entretanto eles são abordados de uma forma diferente e delicada.

As personagens bem construídas e coerentes têm como objetivo mostrar o quanto as pessoas ditas "grandes" se preocupam com as coisas inúteis e o quanto elas estão individuais. Essa passagem do livro retrata bem o que eu quero dizer: ‘a gente se sente um pouco sozinho no deserto. Entre os homens a gente também se sente só’. Forte isso, não?

Juntos, os diálogos, a narrativa, o ritmo e os desenhos tornam a leitura rica, dinâmica e crescente. Esses elementos deixam o livro leve, os olhos ‘correm’ por entre as páginas. Nem as frases mais poéticas como, por exemplo, "nascera da caminhada sob as estrelas, do canto da roldana, do esforço do meu braço. Era boa para o meu coração, como um presente" deixamo livro cansativo. Pelo contrário, tornam-o belo! O clímax aumenta a cada minuto, pois é preciso alimentá-lo com os ensinamentos do principezinho. Os diálogos podem, para alguns, terem uma pitada de clichê do tipo "só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos". Mas, não há. A sensibilidade do autor nos permite envolver nessa fantasia.

A obra de Saint-Exupéry nos mostra uma profunda mudança de valores, que ensina como nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam à solidão. Nós nos entregamos às nossas preocupações diárias e esquecemos a criança que fomos.

Existem livros que, de alguma forma, são capazes de transformar o leitor. The Little Prince (como eu costumo chamar) é um deles, uma obra que nos permite uma experiência ímpar. Essa bela história nos dá uma chance de refletir sobre o que é, realmente, a amizade e o companheirismo. Acrescento também, o respeito ao outro, que é mostrado que, sem ele, não há amor, nem paz. Caro leitor, termino esse texto com um conselho e uma frase para reflexão: quando puderes, se permita a essa mágica leitura e guarde essas palavras sempre com você: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".

Legenda: O Pequeno Príncipe permite uma leitura mágica

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