Os filmes da produtora são dignos de compor prateleiras de colecionadores e cinéfilos
Por Blenda Souto Maior
A Pixar Animation Studios, gigante produtora de animações de Hollywood, fundada em 1984 como uma divisão da produtora do ator George Lucas e comprada em 2006 pela Disney, se destaca no ramo das animações não só por lançar sucessos de bilheteria. Os desenhos da Pixar chamam atenção por se preocuparem mais com a arte do que com os números. Com mais de dez longas metragens lançados no mercado, a produtora costuma investir mais tempo no roteiro (cerca de três anos) do que na produção e execução de seus filmes (aproximadamente dois anos).
Diferentemente de sucessos de público como Toy Story (US$ 320 milhões), Carros (US$ 461 milhões) e Procurando Nemo (US$ 860 milhões) que são apenas excelentes, filmes como Wall-e (US$ 520 milhões) e Up – Altas Aventuras (US$ 290 milhões só nos EUA) foram arrebatadores sucessos não só de público como também de crítica no mundo inteiro. É impossível não se impressionar com o nível de qualidade das produções da Pixar. E é um engano pensar que os desenhos da Pixar são feitos só para crianças, pelo contrário, os filmes agradam os filhos, pais e avós.
Wall-e, a belíssima animação futurista lançada no ano passado, é de disparado o longa mais ousado, crítico e possivelmente também o mais emocionante da produtora. O filme conta a história do último robô restante no planeta terra, que cumpre disciplinadamente a sua ‘diretriz’, recolher o lixo deixado pelos humanos, refugiados num cruzeiro espacial. Durante os primeiros 20 minutos do filme há apenas um personagem em cena, o próprio Wall-e, e nenhum diálogo. Wall-e é um robozinho romântico que tem como amiga uma simpática barata, coleciona objetos deixados pela humanidade e se apaixona por Eva, uma robô desconfiada, que tem um visual moderno (inspirada no iPod) e que foi enviada pelos humanos para reconhecer vegetação alienígena. A história tem uma mensagem educativa e mostra o futuro da terra se continuarmos a produzir tanto lixo. Wall-e é uma mistura da ficção científica de “2001: uma odisséia pelo espaço” e o romantismo e sutileza de “Luzes na cidade”. O filme tem sequências indescritivelmente emocionantes, como a de Wall-e e Eva dançando no espaço, digna de entrar para a história do cinema. Linda.
Já Up – Altas Aventuras, último lançamento da Pixar, que estreou aqui no Brasil em setembro, ganhou incontáveis elogios da crítica, fazendo a sua première na sessão de abertura do Festival de Cannes, aonde os críticos chegam vorazes para detonar os filmes. O filme passou também pelo renomado Festival de Cinema de Veneza, onde ganhou um Leão de Ouro especial. O filme conta a história de Carl (com a voz de Chico Anysio na versão dublada), um senhor rabugento e ranzinza de 78 anos, ex-vendedor de balões, que está prestes a perder a sua casa em que viveu com sua falecida esposa e ser mandado para um asilo. Carl decide então fugir amarrando sua casa a centenas de balões. A casa sai voando com destino às montanhas da América do Sul, lugar onde sempre quis conhecer com sua mulher. Carl só não contava com uma coisa, Russell, um teimoso aprendiz de escoteiro que embarcou escondido nessa aventura e está seguindo viagem com ele. O enredo ainda conta com a presença de Dug e sua matilha hilária de cães falantes.
A história de Up é uma homenagem aos filmes das décadas de 30, 40 e 50, como A volta ao mundo em 80 dias, que mostra uma amizade entre um velho e uma criança. Up, que é a primeira produção da Pixar em 3D, é um daqueles filmes que já nasceu um clássico. Além dos longas já citados, destaca-se também na lista de produções que valem a pena colecionar Ratatouille, a história do ratinho francês Remy, que sonha ser chef de cozinha e que com a ajuda de um amigo humano começa a criar receitas num importante restaurante parisiense.
A Pixar sem dúvidas é um divisor de águas da história da animação, sempre lançando filmes inteligentes e engraçadíssimos. Agora basta esperar pra ver qual será a próxima novidade.
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